Depois de passarmos por um dos momentos mais desafiadores da história recente, 2021 promete ser o ano da recuperação. É provável que até julho o ritmo de vacinação ganhe força e a retomada econômica, de fato, engate de uma vez.
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Os dados do Boletim Focus, divulgados nesta quarta-feira, indicam que o PIB (Produto Interno Bruto) avance 3,4% neste ano. E parte desse crescimento passa obrigatoriamente pelos portos brasileiros, que, por sua vez, deve se refletir no maior player do segmento: a Santos Brasil (STBP3).
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Até o momento, a empresa acumula perdas por conta da Covid. No terceiro trimestre, reverteu o lucro de R$ 7,7 milhões de 2019 e terminou o período com prejuízo de R$ 5,4 milhões. O terminal de Santos viu o seu volume encolher 18,3%, reflexo da queda das importações por conta da recessão.
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Mesmo assim os analistas estão otimistas e acreditam que a empresa possa virar o jogo daqui para frente. A Santos Brasil foi uma das small caps mais indicadas em fevereiro, com quatro recomendações. Pesa a favor da empresa o crescimento econômico e a oferta subsequente de ações (follow on), que levantou R$ 790 milhões em outubro. Ou seja, a companhia está com bala na agulha para tirar o atraso e ir à luta.
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chr38ldquo;Se a gente olhar em retrospectiva, eu acho que a Santos Brasil sai fortalecida dessa crise. A gente conseguiu implementar de forma muito rápida um plano de continuidade do negócios nas nossas operaçõeschr38rdquo;, afirma Daniel Pedreira Dorea, diretor financeiro e de relações com investidores da Santos Brasil, que conversou com exclusividade com o Money Times.
Outros eventos importantes estão previstos no calendário da Santo Brasil em 2021, como a renovação do contrato com a sua maior cliente, a alemã Hamburg Süd, que segundo a Ágora Investimentos pode levar o Ebitda a R$ 313 milhões, e as concessões de portos comandada pelo Ministério da Infraestrutura, que a empresa acompanha de perto, além da aguardada privatização do Porto de Santos.
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MT: Como a Santos Brasil sai da crise do coronavírus?
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R: Se a gente olhar em retrospectiva, eu acho que a Santos Brasil sai fortalecida dessa crise econômica. A gente conseguiu implementar de forma muito rápida um plano de continuidade dos negócios nas nossas operações. Em nenhum momento da crise, nossas operações sofreram interrupções, paralisações ou suspensões. Sempre funcionamos em todas as nossas unidades. Evidentemente, garantindo a segurança e a integridade de nossos funcionários. Nós implementamos medidas muito céleres que tornaram a empresa mais simples, mais ágil e preservando o caixa. Fizemos, nessa loucura toda, um follow on, que levantou R$ 790 milhões em capital novo. E nos últimos meses, nós apresentamos um forte crescimento no ano contra ano. Tudo isso no meio de uma pandemia. Claro que estaríamos melhores se não fosse o coronavírus. Dentro dessa realidade posta, acho que o time vem muito bem e que a gente está pronto para colher esses frutos.
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MT: Quando vocês acreditam que os volumes de contêineres irão voltar aos níveis pré-pandemia?
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R: Vamos pegar 2020: um ano em que apesar da retração do PIB, o Porto de Santos cresceu 2,7% no volume de contêineres. A taxa de utilização do Porto de Santos está em 80%. Poderia ter tido um crescimento maior, mas o porto cresceu. E o que é que puxa isso? A importação caiu porque você está tendo uma crise econômica e naturalmente a importação é mais dependente da economia doméstica, mas você teve um fluxo de exportação gigantesco. O mundo consome muito que o Brasil exporta, e o que exporta em contêineres, inclusive. Se nós imaginarmos que o PIB do Brasil em 2021 vai crescer algo entre 3,5% a 4% e você comparar com a correlação histórica do crescimento do Porto versus o PIB, que é coisa de duas vezes a duas vezes e meia, é natural pensar em um crescimento de 8% a 10% do volume de contêineres. Eu acho que se o Porto apresentar essa tendência de crescimento, a Santos Brasil vai acompanhar ela. Eu diria que a Santos Brasil deve crescer nesse patamar de 8% a 10%, acompanhando essa correlação. Só que o mix de contêineres deve ser melhor do que em 2020 porque nós teremos um crescimento da economia doméstica e um maior volume de contêineres de importação, que apresentam uma margem mais elevada para a Santos Brasil.
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MT: Como está a renovação do contrato com a alemã Hamburg Süd?
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R: Esse é o grande evento corporativo da companhia no ano, que é o maior cliente da Santos Brasil e cujo o acordo comercial expira em 31 de março de 2021. Esse é o principal driver de crescimento do ano. A nossa expectativa é de ter uma relação mais equilibrada com eles num novo contrato e que melhor remunere a qualidade do serviço prestado pela Santos Brasil. Isso se traduz em uma recomposição de preço, hoje muito deprimida. À medida que esse preço se recompõe a patamares mais ponderados, mais equilibrados, você tem uma recuperação do resultado financeiro da companhia, com a recuperação de margens de forma mais acelerada. Claro que é muito cedo ainda para dar qualquer garantia nesse sentido. A gente está muito focado para que a negociação saia em termos favoráveis para ambos os lados. A gente tem relação comercial como a Hamburg Süd, que hoje é uma empresa do grupo Maersk, de quase 25 anos. Ao longo desse período, nós crescemos com eles e eles cresceram com a gente. Ambos se consolidaram como os principais players de contêineres do Porto de Santos. Essa é uma relação de muito tempo, que trouxe muita coisa benéfica para ambos os lados e que a gente acha que vai continuar.
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MT: Como vocês avaliam a privatização do Porto de Santos?
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R: A gente vê com bons olhos. A tendência é que o agente privado gerencie o ativo de forma mais eficiente do que o agente público. Quando se fala da Autoridade Portuária de Santos, antiga Codesp, ela presta serviços essenciais, como dragagem e toda a parte de organização e programação de atracamento e desatracamento de navios. São serviços essenciais para competitividade do porto, e por consequência, dos terminais. Se quem vier tornar a prestação desses serviços mais eficiente, é muito bom. O histórico de privatização no Brasil é bom. O modelo ainda está sendo estudado. Tudo indica que vai ser um modelo assim: eu passo à iniciativa privada a responsabilidade de investir e gerenciar toda aquela infraestrutura portuária em troca de tarifas. Só tem uma coisa que é importante: não pode criar insegurança jurídica para os contratos já estabelecidos. Tem que ter preservação e continuidade dos compromissos já firmados para que não haja nenhum desequilíbrio contratual com os atuais arrendatários.
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MT: O projeto BR do Mar, do Governo Federal, pode ser uma boa oportunidade para a Santos Brasil?
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R: O principal objetivo do BR do Mar é estimular uma maior participação da cabotagem na matriz de transportes brasileira, que hoje é pouco representativo, dominada pelo rodoviário. Isso faz total sentido. Se você pegar o Brasil, que é um país de dimensão territorial continental, tem uma costa imensa, diversos rios navegáveis, a cabotagem é óbvia. O Brasil tem essas condições naturais. O que o BR do Mar pretende é eliminar obstáculos ao pleno desenvolvimento da cabotagem no Brasil. Se bem colocado esse projeto, a gente deve ter um fluxo de contêineres muito interessante passando pelos terminais da Santos Brasil. É um modal que já está crescendo. A BR do Mar eliminando esses obstáculos, o transporte de cabotagem vai crescer bastante.
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MT: Quais os principais planos para a empresa em 2021?
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R: Primeiro: eu acho que o crescimento da companhia será alavancado pela recomposição dos preços praticados, ou seja, aumentos dos preços no Porto de Santos. É pouco razoável pensar que o Porto de Santos, que é o mais produtivo e mais demandado no Brasil, onde os terminais mais investem em infraestrutura, tem, justamente, os preços mais deprimidos do mercado. Haverá uma recomposição do preço natural puxada por uma demanda crescente e por uma oferta que está ficando mais equilibrada. Uma parte do crescimento da Santos Brasil vem daí.
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Um outro lado dessa resposta é buscar vias inorgânicas de crescimento. E aí nesse aspecto, você tem três avenidas que nos parece mais palatáveis. A mais obvia é aumentar a participação da empresa no próprio segmento de contêineres. Nós já somos o maior player do mercado. 18% dos contêineres no Brasil passam por nossos terminais.
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Nos também queremos acelerar a integração dos nossos ativos portuários com nossos ativos logísticos, que a gente chama do Porto a Porta, serviços dos nossos terminais para dentro do Brasil. Nós prestamos serviços de armazenagem alfandegada, serviços diversos nos nossos centros de distribuição, transporte rodoviário. A gente também faz entreposto aduaneiro. Isso é um movimento que muitos dos nossos concorrentes globais têm ensaiado. Eu vejo com muita naturalidade a Santos Brasil fortalecer o posicionamento dela nessa logística integrada. Nossos clientes querem simplificar a cadeia logística, trabalhar com menos intermediários. Então a gente começa a integrar todos esses ativos e prestar serviços de ponta a ponta. A gente quer ganhar escala de massa crítica nesse negócio. Nós vamos avaliar alvos potenciais de aquisição que possam acelerar esse crescimento.
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E aí tem outra parte desse crescimento inorgânico para diversificar a atuação da companhia para outras cargas fora dos contêineres. Por que não se aproveitar desse pipeline gigante de leilões de ativos portuários? Vários de nossos clientes são também clientes potenciais nesses outros segmentos.
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A gente não via, desde a década de 90, tantos ativos bons no setor portuário indo a leilão. A Santos Brasil é o maior player desse negócio, é o cavalo que o investidor que quer ter exposição no setor portuário pode montar. Por que não operar outras cargas? Tá no nosso DNA. Tem um cavalo passando encilhado. Se a gente enxergar que tem uma boa oportunidade de entrar em outros segmentos de atuação no setor portuário, a gente vai fazer. Nós temos estudado diversos leilões que estão acontecendo.
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A Santos Brasil quer virar referencia não apenas no contêiner mas naquilo que aparecer.