Com importações em recuperação, a balança comercial brasileira iniciou o ano com rombo de US$ 1,125 bilhão em janeiro, o que significa que o Brasil comprou mais do que vendeu ao exterior naquele mês. Em janeiro de 2020, o resultado também foi negativo, em US$ 1,684 bilhão.
Depois de serem fortemente impactadas pela pandemia do coronavírus, as importações brasileiras iniciaram o ano de 2021 em alta, seguindo o movimento observado nos últimos meses do ano passado. Em janeiro, o montante comprado do exterior subiu 8,3%, alcançando US$ 15,933 bilhões, o maior valor desde 2015 na comparação das médias diárias.
Destaque para o aumento de 22,4% nas importações dos chamados bens intermediários, como insumos para a indústria nacional, o que indica uma expectativa maior de produção doméstica nos próximos meses. Por outro lado, houve recuo de 13,6% nas importações de bens de consumo.
Já as exportações somaram US$ 14,808 bilhões, uma alta de 12,4% que foi alcançada principalmente porque os preços dos produtos vendidos ao exterior aumentaram 4,5%, já que, em janeiro, o volume vendido ao exterior caiu 2%.
De acordo com o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, essa queda no montante embarcado se deu por fatores como a entressafra no setor agrícola de alguns produtos, como a soja. Também influenciou o fato de janeiro de 2021 ter tido dois dias úteis a menos do que o mesmo mês do ano passado.
Também contribuiu para o crescimento porcentual nas exportações a base de comparação em 2020 ter sido mais baixa. Em janeiro do ano passado, as vendas ao exterior foram prejudicadas pela pandemia do coronavírus, que atingia fortemente a China, principal destino dos produtos brasileiros.
Setores
Na importação, houve aumento de 22,3% nos produtos agropecuários importados, especialmente pela maior compra de trigo, soja e milho. Apesar de o Brasil ser o maior exportador de soja do mundo, Brandão explicou que a importação do produto pode ocorrer em momentos de entressafra ou em que a produção nacional está comprometida para a exportação, principalmente de países do Mercosul, como o Paraguai, em que não há taxa para a compra do produto.
Houve crescimento ainda de 7,6% na importação da indústria extrativa e de 6,5% em produtos da indústria de transformação.
Depois de segurar as exportações brasileiras em 2020, o setor agropecuário teve queda de 2,6% nas exportações em janeiro, justamente pela entressafra de alguns produtos. Houve aumento, porém, nas vendas de produtos dos outros setores: 35,3% em indústria extrativa – especialmente minério de ferro, que surfa na boa onda dos preços internacionais - e 6,0% em bens da indústria de transformação.
Ásia em alta
Em janeiro, o principal destino das exportações brasileiras foi a Ásia, que respondeu por 44,9% de tudo o que o Brasil vendeu ao exterior. Só a China recebeu 28,3% dos produtos exportados pelo País. Houve alta de 19,4% nas vendas para o país asiático, justamente porque, em janeiro do ano passado, as exportações para os chineses haviam caído por conta da pandemia.
Houve aumento também nas vendas para a América do Sul (26,4%), especialmente Argentina (41,1%), com a economia do país vizinho apresentando melhor desempenho do que no início do ano passado.
Também é a Ásia a principal origem dos produtos importados pelo Brasil. O continente respondeu por 37,7% das compras do País, sendo a China o vendedor de 21,7%. Apesar disso, as compras do país asiático caíram 26,1% em janeiro.