25 de Agosto de 2021 Sem categoria

Compras da China atrasam até 4 meses com fechamento de portos e falta de containers

O valor do frete de importações vindas da China chegou a aumentar 1.000% entre 2019 e 2021. Situação não deve ser regularizada ainda este ano

 

A logística marítima internacional tem encontrado dificuldades no último ano, o que levou a uma disparada no preço dos fretes e atrasos no envio de cargas, sobretudo as fabricadas na China. A chegada de novas variantes do coronavírus agravou a situação, levando portos a fechar parcialmente. 

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Ceará (Sindace), Sérgio Amora, os fretes tiveram aumento de preço de até 1.000% entre 2019 e 2021, o que torna os negócios inviáveis para alguns importadores. 

 

A falta de containers no mercado também impacta em atrasos nas entregas, levando empresários a depender de fornecedores nacionais. 

 

Outros problemas se somaram. O encalhe do navio mercante Ever Given no Canal de Suez em março deste ano atrasou por semanas demandas do comércio internacional 

 

A situação ficou mais complicada à medida que a economia voltou a aquecer. Com os negócios reabrindo, voltou a haver uma maior procura por fretes internacionais, mas a oferta de navios e containers ainda está reduzida. O resultado imediato foi o aumento nos preços. 

 

“Tem muita empresa utilizando containers refrigerados, desligam parte da refrigeração para usar containers. Tá uma situação muito complicada, é uma tempestade perfeita. Isso tem atrasado cada vez mais os embarques, seja porque o fornecedor não consegue container, ou o porto tá congestionado”, diz. 

 

Conforme o especialista, os atrasos atualmente podem chegar a até quatro meses. 

 

NOVAS VARIANTES 

A chegada de novas variantes do coronavírus agravou o cenário. Em maio, a China fechou o porto de Yantian após surto de Covid entre funcionários.  

 

E, no último dia 13, o país anunciou o fechamento parcial do porto de Ningbo-Zhoushan, o terceiro maior porto do mundo, também em razão de contaminações pelo vírus.  

 

Conforme o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Ceará (Sindace), Sérgio Amora, o imbróglio tem impacto em diversos setores industriais e comerciais brasileiros, principalmente por se dar na China, a principal fonte de importações do Brasil.  

 

Só neste ano, o país já importou o equivalente a US$ 25.416.283.756 da China, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. 

 

Algumas das principais áreas afetadas são as indústrias têxtil, automobilística, de informática, e de matéria prima de plástico, diz Amora, que também é delegado do Ceará da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros). 

 

FRETES MAIS CAROS 

Sérgio Amora destaca que o aumento no valor dos fretes marítimos tem tornado a importação inviável para pequenos negócios. 

 

Para além dos valores já exorbitantes de frete, os importadores também sentem no momento da tributação das cargas, já que a Receita Federal aplica alíquota sobre o valor total, incluindo o frete. “Existem cargas em que o frete é mais caro que o valor da mercadoria”, coloca. 

 

O impacto chega na ponta para o consumidor à medida que as empresas locais repassam os custos de importação. Segundo ele, porém, quem faz importações menores da China por meio de e-commerce não tem problemas, já que o transporte é feito por via aérea. 

 

Para Amora, não existem perspectivas de um arrefecimento da situação ainda este ano. Pelo contrário, a situação deve se agravar com o aquecimento do comércio de fim do ano.  

 

BUSCA À INDÚSTRIA LOCAL 

O diretor da Alushopping Alumínios Fortaleza, Cristiano Sávio, conta que a empresa costumava importar insumos da China, mas decidiu mudar de estratégia no ano passado em razão de atrasos e aumento no preço dos fretes. 

 

“O frete marítimo já estava um absurdo, agora está praticamente inviável trazer alguma coisa. E também tem a questão da falta de container”, relata. 

 

Para não ficar sem matéria prima, a empresa começou a trazer alumínio de uma indústria parceira em São Paulo. A estratégia deu certo, levando o negócio a praticamente dobrar o faturamento no período de um ano. 

 

 

ABTTC News

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