09 de Março de 2021 Sem categoria

Seca reduz produção agrícola e atrasa colheitas no país

Cana-de-açúcar, grãos, laranja, café. Algumas das culturas responsáveis pela força do agronegócio nacional, elas sofreram o impacto da seca nos últimos meses, que reduziu a produção, causou mortes de plantas e provocou atrasos na colheita.

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Enquanto há usinas produtoras de etanol e açúcar no centro-sul retardando o início da moagem na expectativa de que a planta se desenvolva e diminua as perdas, no Nordeste produtores tentam meios de construir açudes para evitar a morte de canaviais.

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Enquanto isso, em outros estados, produtores de grãos lamentam duplamente: primeiro a seca no fim do ano passado, que atrasou o plantio, e depois a chuva em excesso, que tem prejudicado a colheita.

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A produção de cana no centro-sul do país deve encolher 21 milhões de toneladas, ou 3,45% do estimado pela consultoria Datagro, em razão da seca, que fez usinas atrasarem a colheita.

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A previsão é que a safra 2020/21, que termina dia 31, alcance 607 milhões de toneladas, mais que os 586 milhões estimados para a próxima safra, afetada pelas chuvas abaixo da média dos últimos 30 anos.

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Além da disponibilidade menor, a qualidade da cana também será pior, segundo Plinio Nastari, presidente da Datagro, devido a incêndios que atingiram as lavouras.

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A consequência é atraso no reinício da moagem, já que algumas usinas optaram por deixar a cana se desenvolver mais para compensar o atraso provocado pela seca.

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“Esse atraso faz com que os estoques de açúcar e etanol fiquem mais apertados. O aumento da gasolina nas refinarias, transmitido às bombas, faz com que abra um espaço de alta no etanol, porque o estoque está ficando cada vez mais curto", diz Nastari. Ele afirma que não há risco de desabastecimento.

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A Usina Batatais é uma das poucas que iniciou a safra, na última segunda (1º), e prevê redução na moagem, que deve alcançar 4,1 milhões de toneladas, ante 4,419 milhões da última safra chr38mdash;redução de 7,2%.

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Segundo a usina, a seca deve afetar a produtividade, mas uma eventual regularidade nas chuvas nos próximos meses pode reduzir o impacto.

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O cenário de lavouras no Nordeste do país não é diferente, o que fez com que entidades de Pernambuco buscassem o governo do estado para tentar viabilizar medidas para reduzir o impacto da estiagem.

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A alternativa estudada é construir pequenos açudes nas cidades mais atingidas, como Aliança e Nazaré, que registram quebra de produção de até 50%, com custo de R$ 100 mil cada, para represar a chuva em cidades.

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“A Zona da Mata seca, ao norte, teve até mortalidade de canaviais. Choveu um pouco nesta semana, amenizou, mas o que morreu não recupera”, afirmou Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP (associação dos fornecedores).

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Segundo ele, 92% dos associados produzem menos de mil toneladas de cana por safra, ou seja, são pequenos, e não têm condições de investir.

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Se a seca no fim de 2020 atrasou o plantio da soja, a chuva em excesso tem prejudicado a colheita em 2021, o que deve trazer ainda mais danos para o produtor no próximo ciclo. Entre os estados atingidos estão Mato Grosso e Tocantins.

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“Tivemos de sete a oito dias de chuva sem trégua, justamente na colheita”, contou o produtor Luciano Mokfa, que possui 2.050 hectares em Silvanópolis (TO) e estima perdas de ao menos 25%.

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Em Mato Grosso, além do prejuízo sobre o produto, a chuva tem imposto um desafio a mais no escoamento da safra, já que muitas estradas estão em condições precárias.

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O Vale do Araguaia é uma das regiões mais afetadas. A MT-322 e a BR-158, principais rodovias de passagem dos grãos, estão intransitáveis, segundo a Aprosoja/MT (associação dos produtores).

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Caminhoneiros têm ficado até três dias na fila para carregar os grãos e transportá-los até o porto do Pará.

“Também sofremos há vários anos com problemas de armazenagem, já que apenas 50% da nossa produção é armazenada, e temos pedido mais crédito para poder garantir esses armazéns”, disse Nathan Belusso, produtor em Nova Ubiratã (MT).

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Segundo dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a colheita da soja apresenta atraso de 32% em relação ao ano anterior. Assim, boa parte do milho, usado na alternância de cultura, que teria de estar plantado até fevereiro, será semeado fora da janela indicada.

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A pecuária também está de olho na safra de grãos, já que o preço da saca de milho, insumo para ração bovina, teve mais que o dobro de alta no último ano.

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“Com certeza deve ter impacto, em que pese o produtor não ser quem decide o valor, é o mercado. Além do problema do insumo, há áreas no estado ainda com falta de chuvas e com vacas que não conseguiram atingir peso suficiente para procriar”, disse Francisco Manzi, diretor técnico da Acrimat (associação dos criadores).

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Na região Sul do país, também há atrasos. No Paraná, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), até a última semana de fevereiro 8% da área cultivada foi colhida –no mesmo período de 2020, o índice era de 22%. Mesmo assim, a expectativa é que o estado gere 20,34 milhões de toneladas do grão, cerca de 2% menos do que no ano passado.

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Produtores paranaenses de feijão estão colhendo prejuízos ainda maiores. Já no final da colheita, a primeira safra apresenta produção esperada de 254,5 mil toneladas, 19% menos do que o registrado no período anterior. A estiagem, primeiro, e o excesso de chuvas no final de dezembro e janeiro, depois, reduziram a produtividade e a qualidade do produto.

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A citricultura também foi atingida e fez com que a quebra na safra fique entre 30% e 50% para alguns produtores, dependendo da região, segundo Antônio Carlos Simonetti, presidente da ABCM (Associação Brasileira dos Citros de Mesa).

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“A fruta não se desenvolveu, não ganhou peso. Em vez de ter caldo, ficou mais bagacenta, com pouco caldo, e isso postergou a colheita”, afirmou.

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A safra toda, conforme o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), foi reestimada em 269,01 milhões de caixas (de 40,8 kg), 6,52% inferior à estimativa feita em maio.

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A avaliação do setor é de que os preços deverão apresentar alta no decorrer da safra. Hoje, a caixa custa de R$ 38 a R$ 40 (laranja de mesa) e R$ 28 (indústria). "Vai ter vácuo de laranja, vai faltar fruta", disse Simonetti.

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Diretor-executivo da CitrusBR (associação dos exportadores), Ibiapaba Netto afirmou que o cenário em algumas regiões foi desolador. “O fruto não se desenvolveu nos pomares e não foi possível colher para vender. Em outro, árvores morreram.”

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No café, desde março de 2020 as condições estão diferentes no cerrado e no sul de Minas Gerais, com chuvas abaixo da média e irregulares, o que, aliado às altas temperaturas entre agosto e outubro, prejudicaram a planta.

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Com isso, a perspectiva na área de atuação da Cooxupé, sediada em Guaxupé (MG) e maior cooperativa do mundo, é a de que a próxima safra seja inferior à de 2019 --o café é uma cultura marcada pela bienalidade, ou seja, produz muito um ano e menos no seguinte, daí a comparação ser com dois anos atrás.

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A previsão de safra deste ano não está fechada, mas em 2019 foram colhidas 7,7 milhões de sacas de café. “A planta precisa de nutrição e controle de pragas e doenças no período correto. Se não tem chuva regular, atrasa a nutrição e ela não tem o desenvolvimento adequado”, disse o engenheiro agrônomo Eder Ribeiro dos Santos, coordenador do departamento de geoprocessamento da Cooxupé.

ABTTC News

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